novembro 25, 2004

Lisboa, a mulher e a mascara


é sempre rasgado o sentimento que descubro quando reencontro esta cidade - Lisboa.quando deixo para trás a mulher de feições de boneca, de longos cabelos loiros e olhos claros que baloiçam num jardim de perfeição… mas sem muita sensualidade, sinto a diferença.

por quatro meses não abraçava esta mulher misteriosa que ouso imaginar sempre como um sorriso idílico de tanta beleza. talvez a grande saudade que habita em mim e a vontade de a rever fazem dela a última das minhas amantes europeias.

Lisboa essa mulher de curvas sensuais e de silhueta invulgar, com pele de seda e perfume de cor branca. as meias altas de veludo alternativo, rasgada pelos sapatos de salto alto de verniz escuro retocados de marcador preto devido aos rasgões feitos pela mais bonita das calçadas.

sinto-a como um sonho e reencontro-a como uma mulher da vida. bonita e mística sonha um dia ser resgatada por alguém que a abrace para sempre. tem todo o charme para ser a grande senhora, mas os homens que abusam dela esborratam-lhe o baton vermelho pela cara, tonando-a por vezes vulgar. mas ela é única entre as amantes e por isso vai submergindo a tudo, forte e determinada, sensível e ousada, ela é aquela por quem todos os homens guardam uma paixão compulsiva.

deixo como testemunho uma imagem do artista plástico António Trindade da exposição a Mulher e a Mascara que representa bem o que Lisboa me segredou ontem ao ouvido. ela sofre e deseja ser amada. ainda mais amada.